Viva a vida

Viver é algo tão maravilhoso quando sabemos o que extrair de melhor em cada uma de suas fases.  Apesar de não percebermos, existem fases bem nítidas em nossa vida, mas nos damos conta disto depois de termos passado por cada uma delas.

Na primeira etapa de nossas vidas que vai até os 6 anos de idade, nossa mente ainda é pura, límpida e sem muitas informações armazenadas. Daí o porquê de aprendermos com rapidez e deixarmos nossos pais eufóricos. Nossa inocência é motivo de muitas alegrias, quando pegamos objetos da própria casa, colocamos numa embalagem de presente que encontramos e alegremente entregamos para alguém em forma de presente, para demonstrar nosso amor. Encantamos pelo fato de procurarmos ou chamarmos para nos protegerem de situações perigosas. Nossas artes se resumem em esconder pequenas coisas, quebrarmos alguns objetos, pegarmos as panelas para fazer uma bateria de banda, passarmos o dedo na calda do pudim, travessuras sem a maldade de prejudicar alguém propositalmente. Queremos dormir e acordar ao lado de nossos pais ou avós, fazemos birra quando queremos algo e não dão, mas também nem explicam porque não pode. Temos poucos amigos, mas os que temos são nossas referências em tudo. Nossos pais são nossos heróis.

Dos 6  ao 12 anos começa a fase da curiosidade, das descobertas. Passamos a ter acesso a muitas informações, inclusive ruins. Iniciam nossos questionamentos, os constantes por quê? Por quê? Por quê?  Queremos tomar decisões sobre quase tudo. Obedecemos para manter o respeito, mas nem sempre concordamos. Nosso quarto vira uma verdadeira bagunça, e nem nos importamos, pois sabemos que alguém irá arrumar por nós. As festas de aniversários passam a ter mais graça, pois temos mais amigos e sabemos interagir sem medo. Chegou o momento da puberdade, conflitos internos e muitas dúvidas que não sabemos a quem perguntar.  Começa o verdadeiro perigo, o acesso ao mundo da informação sem fonte, desafios virtuais e brincadeiras de escola que até parecem inocentes, podem interromper nosso futuro.  Nossos pais já não tão heróis assim, os pais de nossos amigos parecem ser mais legais.

Chega o momento dos conflitos internos e externos, 12 aos  18 anos. Nossos pais já não são heróis, nos fazem uma série de proibições, exigências infindáveis, não concordam com nossas opiniões, querem saber tudo o que estamos fazendo, se deixar nos implantam um GPS.  Queremos pertencer a algum grupo para termos uma sensação de apoio e proteção. Nossos amigos nos lançam alguns desafios para nos testar dizendo que também já o praticaram, daí depois de termos feito, dizem que na verdade não teriam tido a mesma coragem, nem ao menos o fizeram. Gostamos e queremos quase tudo que é proibido.  A liberdade é nosso maior sonho, mas ao mesmo tempo não podemos sair da casa dos pais.  Nossa cabeça entra em parafuso, pois queremos ser como aquele jogador de futebol, ou aquela cantora, ou ser uma referência no youtube. Ficamos chateados quando alguém tem mais seguidores ou  curtem mais a página do outro. Agora tenho a certeza de que os pais dos meus amigos são mais legais e compreensivos que os meus.  Quero zoar um bocado dos outros, mas não quero ser zoado.  O interessante é ser diferente, chamar a atenção, fazer o que é proibido. Temos a impressão que nada de ruim, nem mesmo a morte pode nos acontecer. Nossas referências passam a ser os que tem maior alcance viral na mídias sociais.  Ser visto praticando esportes radicais é muito bom , mas sendo invejado é fantástico. Caramba... me vejo obrigado a trabalhar para poder ter acesso a coisas que desejo mas não me dão o dinheiro.

Chego aos 18, estou ficando velho. Mas esta fase vai até mais ou menos os 25 anos, que atualmente querem dizer que é parte da fase da adolescência. Agora meus pais passam a ter um papel mais de conselheiros do que de auditores. Muitos dos meus amigos também tem que trabalhar. Entrar na faculdade tornou-se quase uma obrigação, mas preciso decidir o que quero para o futuro profissional, porém quem disse que sei o que quero de verdade? É muita informação ao mesmo tempo, não sei se quero me formar no que gosto ou algo que dê muito dinheiro, mesmo não gostando. Começa a auto-pressão psicológica. Tá difícil de conciliar  o trabalho, com os estudos e a vida social com meus amigos. Socorro, tenho ainda que me ajustar com minha “cara metade”.   Meu dia precisava ter 30 horas, porque quero praticar algum esporte também e tenho que estar presente nas reuniões de família nos fins de semana.  Meus amigos são minhas referências pessoais e profissionais. Meus pais???? Eles já fizeram a parte deles.

Caramba, virei adulto, cheguei aos 25 anos, até os 45 anos é o melhor momento para ganhar e, se possível, guardar dinheiro. Tudo muda novamente, provavelmente casei e tenho filhos. Muitas das coisas que na fase anterior eram prioridades passam a ser secundárias ou até deixadas de lado.  Agora o importante  são as famílias e o trabalho, sim, não errei na escrita, as famílias compreendem a nossa unidade familiar, meus pais e os pais dela, temos que juntar todas as culturas e tentar chegar num acordo de convivências. Não é fácil, mas não impossível.  Queremos ascensão profissional, bons salários, ou termos o próprio negócio.  Nossas férias agora têm que encaixar com as férias escolares, e um dos dois, ou ambos, tem que negociar na empresa para as férias darem certo com as das crianças, se não temos problemas pela frente.  O que falar das férias? É hora de chamar algum casal de amigos que também tem crianças, para juntos passar uma semana de descanso e harmonia, só em sonho.  Neste momento passamos a entender nossos pais e seus conselhos tão bons  mas que para nós soavam ao ridículo na respectiva época.  E a esposa  quase implorando para trabalharmos menos e irmos para a academia, afinal começou a crescer a barriga.  Tudo faz parte.  Nossos objetivos mudam, e aqui passamos a incluir os estudos das crianças, imóvel próprio e carro do ano.  Quase ia esquecendo, que agora tenho que pagar IPVA, IPTU, escola, seguros, fundo de previdência, contas e mais contas. E a empresa que tem exigido cursos de especialização se eu quiser crescer na empresa. Pronto, lá se foram meus finais de semana. 

Em contra partida, recebemos convites para participar de casamentos como padrinhos ou convidados, festas de aniversários dos filhos dos amigos, shows e eventos similares. Mas também temos que fazer muitas festas para eles. Nossas referências  agora são os the best  do nosso segmento de trabalho, referências no campo pessoal já não são prioridade.

Cheguei aos 45 anos, e agora!? Muda  tudo de novo. Nossos filhos trazem os novos agregados... namorada, namorado ou os nossos netos.  O grande objetivo agora é se preparar para a aposentadoria, pensar no sossego e no futuro. Mas também é o momento de curtir os netos, fazer o que não fizemos para nossos filhos. É tentar reunir a família quase que todos os fins de  semana em nossa casa.  As contas de antes  praticamente continuam as mesmas, mas agora tem também a farmácia e os planos de saúde.  Ter o carro do ano, ou uma enorme casa já não é mais tão significativo. É muito melhor ouvir das pessoas o testemunho de nossos feitos positivos que de alguma forma ajudaram empresas e pessoas. A ousadia dá lugar à prudência. No campo profissional já não buscamos tantos desafios, mas sim a liderança e o reconhecimento. Eventos sociais passam a ser apenas esporádicos. Se tivermos nossos pais ainda vivos, vemos o quanto eles foram importantes em nossa. Ao invés de termos referências, buscamos ser a referência para alguém.

Nesta última fase não defini a idade, por ser muito variável, pode começar aos 55 ou aos 65 anos. Neste momento nos encaminhamos provavelmente para a aposentadoria, pensamos em viajar mais, conhecer novas pessoas e/ou novos lugares. O desprendimento das coisas materiais torna-se uma característica. Mas também queremos mais atenção de nossos familiares, a compreensão alheia vira uma necessidade. A sabedoria toma  o lugar da inteligência e nos damos conta do quanto a família é a base, mas também o cume da montanha mais alta.  Paramos de buscar referências e mais do que nunca passamos a buscar o apoio na religiosidade.  Se tivermos cumprido nosso papel de forma responsável no decorrer de cada fase colheremos os devidos louros.

Viver a vida, ao contrário que alguns possam pensar ser apenas aproveitar os bons momentos, viver o tempo todo feliz, estar sempre sorrindo, sem brigas ou aborrecimentos, viver a vida é dar sentido a ela.  Viver é diferente de passar pela vida. Aquele que vive, produz, acontece, transforma, ajuda, muda, influencia, enfim.... Faz  a diferença por onde passa.

Relaciono a seguir algumas dicas por experiência de VIDA:

1. Acredite em DEUS;
2. Não concorde com tudo;
3. Tenha personalidade própria;
4. Nem sempre temos razão;
5. Não viva de passado, ele é apenas uma referência;
6. Largue as muletas das desculpas e aja;
7. Em algumas ocasiões é bom perder, para valorizar mais;
8. Ajude sem esperar nada em troca;
9. Alimente seus sonhos;
10. Exercite mais o seu cérebro do que o corpo;
11. Perdoe de forma verdadeira;
12. Pratique o bem, sempre;
13. Chorar é bom;
14. O futuro são apenas suposições;
15. Podemos errar, mas o menos possível;
16. Não alimente seu coração com rancor,  não fará diferença aos outros;
17. Monte um plano de vida;
18. Existem limitações pessoais, tenha cuidado;
19. Demonstre seu amor;
20. Mantenha sua vida pessoal menos visível;
21. Todo dia é possível recomeçar;
22. Escolha onde ou com o que quer trabalhar;
23. O sorriso abre portas e encurta caminhos;
24. Os abusos de hoje repercutirão futuramente;
25. Pense antes de agir no impulso;
26. Tem dúvida? Pergunte;
27. Respeite opiniões diferentes;
28. Emoção de criança é pura e verdadeira;
29. Otimismo e realismo devem andar juntos;
30. Procure fazer o melhor;
31. Dedique um tempo para ficar sozinho;
32. Ore diariamente;
33. Goste de suas conquistas;
34. Escolha os amigos;
35. Compreenda a ignorância alheia;
36. Autoridade se conquista pelo exemplo;
37. O aprendizado não cai do céu, estude;
38. Seja honesto;
39. Sempre tem alguém com mais problemas do que você;
40. Se mantenha sempre ocupado;
41. O momento é a oportunidade;
42. Mantenha uma reserva financeira;
43. Mais importante que falar é saber ouvir atentamente;
44. Tenha gratidão;
45. Tempo é vida;
46. Quando quase se for, você ainda pode contar com a família;
47. Alimente sua fé, sempre;
48. Deixe que os outros percebam tuas qualidades;
49. Pequenos problemas tomam muito tempo;
50. A sabedoria só vem com a idade, se estiver envelhecendo agradeça;

Extraia o máximo que puder de cada uma das fases, só nos damos conta  de como ela foi interessante ou representativa, depois que passamos por ela, e infelizmente o tempo não para, e não volta.

A vida é como uma caderneta de poupança do tempo, mas não rende juros e nem tem correção, apenas vamos nos utilizando diariamente dela. Outro ponto interessante e providencial é que DEUS não nos deu um extrato para sabermos o saldo inicial. Por isso a emoção de saber viver, de poder transformar as coisas que estão ao nosso redor e  fazer parte da história da própria humanidade.

VIVA cada dia como se fosse o primeiro do restante de sua VIDA.